VAMOS PINTAR A SAUDADE
Como poderei banir o tema da morte na minha pintura se, quando retrato e realço a vida (e porque esta é efémera) ela está lá implícita?
Ontem, dei conta que a minha lista de amigos tinha ficado mais curta. E o que mais de grave me estava a acontecer ou a afectar, neste período tão apregoado de conturbação social, não era a patética crise financeira ou do capitalismo, mas sim a crise de verdadeiros amigos. Reparei que tinha, muito rapidamente, de aumentar a lista dos verdadeiros amigos. Felizmente, ainda conto com uma mão bem cheiinha deles, e que Deus os preserve por muitos e longos anos.
Ontem dei conta que já não tinha o Zé Manel para partilhar as minhas angústias, e que deixaria de ouvir da sua boca, quando solicitava ajuda, “Estou já aí”.
Com o amigo partilhamos os devaneios, a casa e o carro novo. Nos momentos difíceis é deles que nos lembramos para nos ajudar. À mesa, com um pequeno número de convidados, reservamos sempre o lugar junto a ele, não nos importando que ele molhe o seu pão no nosso prato ou que beba do nosso copo. Era assim com o Zé Manel.
Deus precisou do Zé Manel por isso levou-o mais cedo. O Zé Manel tinha 47 anos de idade. Alguém disse que a vida estava a ser ingrata. Será de facto ingrata? Para mim a vida não é injusta. Deus deu-nos a oportunidade de dela usufruir, colocando-nos desafios, para, simplesmente, dela tirarmos todo o prazer. E eu digo-vos, com toda a sinceridade, que o Zé Manel teve um enorme prazer de viver. Deixa um grande legado ao mundo: um filho inteligente e uma esposa fantástica, seguidores dos mais altos valores da vida, e que eu muito me orgulho em os ter na minha lista de verdadeiros amigos.
Ontem, amigo Zé Manel, pregaste-nos uma grande partida, e que eu nada gostei. Ficas assim avisado que quando nos voltarmos a encontrar, vou dar-te um abraço como nunca, porque amigos como tu, provavelmente, existirão muito poucos.
Ontem perdi um pequeno grande amigo. Ontem… bem, ontem voltei a chorar!
Como poderei banir o tema da morte na minha pintura se, quando retrato e realço a vida (e porque esta é efémera) ela está lá implícita?
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José Manuel Mendonça |
Ontem o telefone tocou, atendi, e do outro lado ouvi uma voz que me disse: -“O Zé Manel morreu”.
-Naquele momento, não queria que o telefone tivesse tocado, não queria atender, não queria ouvir aquela voz. Desejava que fosse, simplesmente, um sonho.
Aturdido, como se algo me tivesse atingido com violência, solicitei. –“Desculpe, repita o que me disse”. E aquela voz tornou a soar, triste mas contundente: -“O Zé Manel morreu hoje vítima de doença cardíaca”.
O sentimento que o mundo estava a desabar de novo e de forma desonesta, ocupou-se de mim, transportando-me para há 12 anos atrás, quando morreu o meu primeiro e grande amigo, o Sr. António, homem possuidor dos mais altos valores morais, o melhor parceiro e companheiro que eu alguma vez conheci. Esse homem que toda a gente gostava de ter como amigo. Esse homem era o meu pai. Mantenho até hoje essa eterna saudade. Nesse dia chorei e, desde então, nada mais me fez chorar.
E quem era o Zé Manel? Companheiro que conheci em Póvoa de Santa Iria, há mais de 16 anos, e que todos os vizinhos do prédio conheciam como o Sr. Mendonça e por quem eu nutria um carinho do tamanho deste mundo. Para mim era o Zé Manel. Homem franzino, com pouco mais de um metro e sessenta, mas grande no carácter, na bondade, na honestidade… grande no partilhar.O sentimento que o mundo estava a desabar de novo e de forma desonesta, ocupou-se de mim, transportando-me para há 12 anos atrás, quando morreu o meu primeiro e grande amigo, o Sr. António, homem possuidor dos mais altos valores morais, o melhor parceiro e companheiro que eu alguma vez conheci. Esse homem que toda a gente gostava de ter como amigo. Esse homem era o meu pai. Mantenho até hoje essa eterna saudade. Nesse dia chorei e, desde então, nada mais me fez chorar.
Ontem, dei conta que a minha lista de amigos tinha ficado mais curta. E o que mais de grave me estava a acontecer ou a afectar, neste período tão apregoado de conturbação social, não era a patética crise financeira ou do capitalismo, mas sim a crise de verdadeiros amigos. Reparei que tinha, muito rapidamente, de aumentar a lista dos verdadeiros amigos. Felizmente, ainda conto com uma mão bem cheiinha deles, e que Deus os preserve por muitos e longos anos.
Ontem dei conta que já não tinha o Zé Manel para partilhar as minhas angústias, e que deixaria de ouvir da sua boca, quando solicitava ajuda, “Estou já aí”.
Com o amigo partilhamos os devaneios, a casa e o carro novo. Nos momentos difíceis é deles que nos lembramos para nos ajudar. À mesa, com um pequeno número de convidados, reservamos sempre o lugar junto a ele, não nos importando que ele molhe o seu pão no nosso prato ou que beba do nosso copo. Era assim com o Zé Manel.
Deus precisou do Zé Manel por isso levou-o mais cedo. O Zé Manel tinha 47 anos de idade. Alguém disse que a vida estava a ser ingrata. Será de facto ingrata? Para mim a vida não é injusta. Deus deu-nos a oportunidade de dela usufruir, colocando-nos desafios, para, simplesmente, dela tirarmos todo o prazer. E eu digo-vos, com toda a sinceridade, que o Zé Manel teve um enorme prazer de viver. Deixa um grande legado ao mundo: um filho inteligente e uma esposa fantástica, seguidores dos mais altos valores da vida, e que eu muito me orgulho em os ter na minha lista de verdadeiros amigos.
Ontem, amigo Zé Manel, pregaste-nos uma grande partida, e que eu nada gostei. Ficas assim avisado que quando nos voltarmos a encontrar, vou dar-te um abraço como nunca, porque amigos como tu, provavelmente, existirão muito poucos.
Ontem perdi um pequeno grande amigo. Ontem… bem, ontem voltei a chorar!
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